sábado, 20 de outubro de 2012

Executivos no limite, risco para os negócios


O estresse profissional está disseminado entre os executivos e se constitui numa séria ameaça à saúde das organizações.

Profissionais estratégicos das empresas, verdadeiros nômades contemporâneos, são levados, muitas vezes, ao limite da resistência física e emocional. Os níveis intoleráveis de estresse vividos por estes indivíduos os conduzem a um estilo de vida inadequado. É um coquetel nefasto.

Esse estado grave de exaustão física e emocional que pode levar à depressão, e até ao suicídio, é diagnosticado com a síndrome de Burnout (do inglês burn out, cuja tradução seria queimar por inteiro. Atinge um em cada quatro trabalhadores europeus. Na França, recentemente, registrou-se uma onda de suicídios em grandes corporações como PSA-Peugeot, Renault, Areva e France Telecom, entre outras. A causa: metas impossíveis x obrigação por resultados. Esta situação coloca o indivíduo face a uma contradição crescente, entre o que lhe é cobrado e o que efetivamente consegue realizar.

No Brasil, segundo estudo da Universidade de Brasília, 70% da população sofrem de estresse crônico e, desse total, 30% apresentam Burnout.

Em 2010-2011, 1,3 milhão de brasileiros se afastaram do trabalho e receberam auxílio-doença.

Nesse mesmo ambiente corporativo, onde a cobrança por resultados é cada vez mais intensa, o estresse é a resposta do indivíduo às dificuldades de relacionamento, à pressão permanente pelo cumprimento de metas, aos riscos da tomada de decisões, às exigências dos clientes, à disputa com os concorrentes e mesmo à insegurança de perder o emprego. Como não conseguem conciliar o desempenho profissional com os cuidados com a saúde, sucumbem.

A Harvard Business School já demonstrou que 80% das consultas médicas estão originariamente ligadas ao estresse. Nossas pesquisas, realizadas ao longo de mais de duas décadas e sustentadas em mais de 60 mil check-ups médicos realizados, acusam a presença de doenças incapacitantes, por vezes letais, em indivíduos com idade cada vez mais precoce. Demonstramos isso em palestra no MIT-Cambridge.

Se na década de 1990 observávamos o câncer de próstata incidindo em homens a partir de 60 anos, hoje esta doença se faz presente em indivíduos a partir de 40 anos.

Entre as mulheres, as doenças também estão se antecipando. Se há 20 anos a incidência de infarto do miocárdio ocorria, mais comumente, após a menopausa, hoje estes eventos são registrados em pacientes a partir de 40 anos. Em 1990, para cada nove infartos, um era em mulher; hoje, para cada três, um ocorre no sexo feminino.

Este desequilíbrio no âmbito dos executivos também traz consequências negativas para a saúde das empresas, pois resulta em erros na tomada de decisões e, evidentemente, na redução da produtividade. É necessário e urgente que se criem estratégias de prevenção.
As doenças que têm como base o estresse do cotidiano se multiplicam: acidente vascular cerebral em FS, de 38 anos, diretora de marketing de hotelaria internacional; depressão em PL, de 45 anos, dirigente de empresa multinacional de óleo e gás; infarto agudo do miocárdio precedido de herpes zoster em TM, de 42 anos, diretor executivo de empresa de logística.

Avaliando seus estilos de vida, verifica-se que se trata de indivíduos que dormem mal, sedentários, com excesso de peso corporal, colesterol elevado, uso regular de bebida alcoólica e com todas as emoções focadas no trabalho.

O estresse é endêmico e com incidência crescente entre os executivos. É preciso combatê-lo com programas de prevenção. A prática do check-up médico mais do que detectar precocemente o aparecimento de doenças é fundamental para a elaboração de programas preventivos de promoção à saúde individual. Esses programas são definidos no pós-check-up e impactarão em mudanças no estilo de vida da população examinada, garantindo o cumprimento da missão empresarial.

É ferramenta estratégica das empresas que apostam na estabilidade funcional de seus quadros como diferencial competitivo. Quem cuida da saúde de seus profissionais está cuidando da sustentabilidade do próprio negócio. 

Gilberto Ururahy é diretor médico da Med-Rio

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Quanto custa um feriado?

Pra quem não trabalha por conta própria este ano sendo indiscutivelmente uma beleza. Temos ainda: finados (02/11), Proclamação da República (15/11), Zumbi dos Palmares (20/11) e Natal (25/12).
Para um revendedor de Gás LP classe II ou III, isso pode  significar uma perde de quase  R$ 4.000,00 ( Quatro Mil Reais ) por feriado, sem dependendo de sua venda diária, isso sem falar dos encargos, que continuam os mesmos . Levando em conta que temos os feriados estaduais e municipais, não fica a dúvida dos motivos de tantas empresas pequenas estarem fechando as portas.

Você já parou para pensar quanto custa cada feriado no Brasil ?

No Brasil, nós temos oito dias de feriado nacional; enquanto a Alemanha tem nove; os Estados Unidos, dez; a Espanha, 11; a Argentina, 13; Portugal, 14; e Japão, 16. Além de menos feriados que os demais países, o brasileiro tem carga de trabalho maior do que de trabalhadores de outros países. Se olharmos comparativamente, o Brasil tem poucos feriados. Mas, ao contrário destes outros países, nós temos o hábito de “imprensar” os dias da semana que restam para completar um feriadão.

Para os trabalhadores assalariados – que tem o seu salário fixo garantido no final de cada mês – a grande quantidade de feriados sem dúvida é aliviadora… desde que seu emprego também esteja garantido.

No entanto, quem trabalha como empresários (da indústria), autônomo, vendedores comissionados e também comerciantes (exceto os que trabalham em pontos turísticos) sentem diretamente o peso dos feriados no bolso. Se você se enquadra em uma destas categorias, pense direitinho… quanto custa um feriado pra você?

Considere o que você está deixando de ganhar, e também o que você espera gastar em cada um destes feriadões.

A economista Luciana de Sá, que coordenou uma pesquisa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), disse que as perdas com os feriados em 2009,  chegou  ao valor assustador de R$ 155 bilhões. Para se ter uma ideia, é mais do que o orçamento do governo para educação, saúde e o Bolsa-Família juntos.

Mas pensando em salvar esta quantia de alguns bilhões nos cofres públicos, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados aprovou (por unanimidade) um projeto de lei, que estabelece o adiamento para as sextas-feiras, “dos feriados que caírem nos demais dias da semana, com exceção dos que ocorrem nos sábados e domingos” (e algumas outras exceções, tipo carnaval e sete de setembro).

 Tudo em excesso causa danos. E em tempos de crise de capital – em que pouco dinheiro circula – esse excesso de feriados pode ser especialmente danoso