Certa vez, andando por
uma rua, discutiam a construção de uma nova avenida. Os moradores reclamavam
sobre a retirada total das árvores que por anos fora mais do que enfeite.
Muitas das quais, crescera com alguns dos que ali envelheciam, pois haviam sido
plantadas há mais de meio século. Em resposta, alegavam que elas seriam replantadas
em outro local. A tese dos que defendiam a retirada total das árvores, era a
necessidade de que fosse implantada uma faixa exclusiva para ônibus, uma maior
fluidez do trânsito e transporte de maior número de pessoas.
Ambientalistas locais
defendiam uma política pública de educação ambiental, de que fossem analisados
os aspectos técnico, econômico, social e em especial o do impacto ambiental,
uma vez que necessitavam de pelo menos 700.000 árvores e dispunham na época, de
65.000. Ali, se tornaria uma “ilha de calor”!
Um senhor lembrava-se
da época em que as podas das árvores desafiavam a força da gravidade, em casos
de conflitos com os cabos de energia elétrica e telefone, comprometendo a
arquitetura das mesmas. Lutas infindáveis, tendo por lema: “tira as árvores do
caminho que o progresso quer passar”.
Eis ali um paradoxo: árvores
replantadas em outro local, cedendo espaço ao progresso denominado por
mobilidade urbana. Ou, arvoredo assassinado, nascidos ali há 60 anos, com morte
futura certa!
Em dado momento, uma
senhora, que crescera e envelhecera exatamente naquela rua, pergunta: se
lembram do gás de cozinha?
Ninguém entende a real
razão da interrogatória, faz-se silêncio; ela explica: viver é mesmo um
problema! Quando vim morar aqui, usávamos lenha, era um trabalho e tanto!
Tínhamos que catar, que rachar e armazenar... Sem contar que tinha pouca lenha
e muita gente precisando! E aquela fumaça... Além de incomodar, deixou muita
gente doente... Alguns, até matou! Hoje,
tenho gás de cozinha no meu fogão! Reaprendi a viver com o progresso e compro sempre,
porque gosto de segurança! Mas eu também gosto das árvores da minha rua!
Crescemos juntas! Agora... Querem trocar as árvores para outra rua, para os
ônibus e carros passarem aqui... Com o gás, muitas árvores não foram mais
cortadas. Agora, incomodam a passagem da avenida? Eita, que não entendo mais
nada!
Enquanto esticamos a
prosa, que tal um café?
Crônica por Ivone
Chaves, educadora ambiental.
Nenhum comentário:
Postar um comentário