Acompanhando o menor ritmo de crescimento da economia, as vendas de GLP perderam um pouco de fôlego no ano passado, mas ainda assim registraram um incremento de 2,5%, totalizando 7.103 mil toneladas de produto comercializado por 23 distribuidoras e 46.330 revendedores (somente os autorizados pela Portaria ANP 297/03). Apesar de inferior à expansão registrada no anterior, ela superou as estimativas do setor, que chegou a projetar um 2011 de vendas praticamente estáveis.
O faturamento alcançou R$ 23,6 bilhões, 2,6% acima do registrado em 2010. A arrecadação tributária, por sua vez, aumentou 2,7%. No somatório dos tributos PIS/Cofins e ICMS, o montante em 2011 alcançou R$ 4,1 bilhões, ante os R$ 4 bilhões acumulados no mesmo período do ano anterior.
O incremento no nível de emprego e de renda está por trás do bom desempenho do setor, além do aquecimento nos segmentos comercial e industrial. Também contribuiu o endurecimento das ações do Programa Gás Legal, que combate o comércio clandestino de GLP e vem fechando revendas irregulares. Cerca de 10 mil novos cadastramentos foram realizados desde o início do Programa. Em contrapartida, houve o fechamento de 4 mil empresas que atuavam ilegalmente.
Na categoria P-13 (recipientes com 13 kg), o popular botijão de cozinha, o crescimento foi de 2,1% em relação a 2010, totalizando 5.131 mil toneladas, com destaque para o aumento de 70% no consumo das regiões Norte e Nordeste. Na versão granel (indústrias, comércio e condomínios), o número foi maior e chegou a 3,45%. Mesmo assim, o P-13 continua liderando com folga o ranking de consumo no país, respondendo por 72% da demanda por GLP.
Pode melhorar
Apesar dos números positivos, o setor terminou o ano com a sensação de que poderia ter sido melhor. Isso porque o Brasil ainda não conseguiu a autossuficiência em GLP, o que só deve ocorrer na segunda metade dessa década. No ano passado, o país importou cerca de 26% do total utilizado, já que a produção praticamente estável não foi suficiente para atender ao aumento do consumo. E diante da grande importância que o insumo tem para as famílias brasileiras, em especial as de baixa renda, há grande receio do governo em autorizar o derivado para outros usos, ou mesmo estimulá-lo em outras partes da residência além da cozinha, como nos sistemas de aquecimento, substituindo a energia elétrica.
No entanto, mesmo no uso para cocção ainda há muito espaço a ser conquistado. Afinal, embora esteja presente em mais de 95% dos lares brasileiros, o GLP representa apenas 26,6% da matriz energética residencial do país, perdendo para a energia elétrica e para a lenha. Na matriz energética nacional, a participação do GLP é de 3,6% e, segundo previsões, este número poderia chegar a 4,2%, até 2020.
O fim do recadastramento
Em 2011, a Agência concluiu um processo que durou quase uma década: o recadastramento de revendedores de GLP. Previsto para ser encerrado em dezembro de 2010, a ANP prorrogou o prazo nos estados de Tocantins e Mato Grosso, e ainda no município de Florianópolis (SC). Assim, o levantamento só foi totalmente concluído em março de 2011. O perfil do revendedor de GLP passou a ser mais pontual, sem a larga interferência que vinha sofrendo até então, com a clandestinidade e venda sem controle em pontos não permitidos por lei. Para se ter uma ideia, antes do recadastramento, a estimativa é de que existiam cerca de 70 mil pontos de venda no país, ante os cerca de 46 mil contabilizados atualmente.
Legislação
Duas importantes legislações afetaram o dia a dia das revendas de GLP no país. A mais importante delas foi a Resolução ANP nº 70, publicada em 22/12/2011, cujo objetivo é "disciplinar o estacionamento de veículos transportadores com recipientes transportáveis de GLP cheios, parcialmente utilizados e vazios, no interior de imóvel que possua área de armazenamento de recipientes transportáveis de GLP, a fim de garantir as condições de segurança". A legislação contou com o apoio da Fergás e do Corpo de Bombeiros de vários estados, que apontavam ser comum a utilização de caminhões estacionados carregados para aumentar, na prática, a área de armazenagem da revenda, desrespeitando assim as condições de enquadramento das classes e as distâncias de segurança.
Outra importante mudança foi a entrada em vigor da Resolução nº 356 do Contran, que trouxe novas regras de segurança para o transporte remunerado de cargas em motocicleta e motoneta. A legislação focava o serviço de mototáxi, mas atingiu em cheio a revenda de GLP no país, que utiliza bastante o motofrete para entrega de recipientes P-13.
Margens menores
Os preços médios praticados pela revenda de GLP em 2011 aumentaram gradativamente ao longo do ano chegando quase aos R$ 39,00 por recipiente de 13 kg, refetindo especialmente o aumento de custos. Em média, o P-13 subiu 0,40%, percentual inferior, portanto, ao reajuste de 1,54% aplicado pelas distribuidoras. Na produção, não houve alteração nos preços.
Embora os itens que impactam o preço do produto tenham registrado aumento menos acentuado no ano passado, eles ainda pesaram bastante no custo final. O salário mínimo, por exemplo, subiu 6,9% e a cesta básica, 3,4%. E boa parte desses custos nem sequer foram repassados ao consumidor final.
O resultado foi o achatamento da margem do revendedor que caiu para R$ 9,49 em dezembro, o que corresponde a um declínio de quase 5% em relação a janeiro de 2011. O valor também é inferior aos R$ 9,78 apurados em janeiro de 2010.
Em sentido inverso, a margem da distribuição, após registrar um discreto recuo ao longo de 2010, cresceu constantemente no ano passado, chegando a R$ 11,11 em dezembro de 2011. Valor que supera a margem da revenda e está acima também dos R$ 10,43 apurados em janeiro de 2010. Só ano passado, a margem da distribuição cresceu cerca de 9%.
Entre os cinco primeiros players, o Grupo Ultra manteve a liderança, com participação praticamente estável em torno dos 23%, após amargar uma discreta redução em 2010. Em seguida, aparece a Liquigás, que obteve um incremento de 0,5 ponto percentual, atingindo 22,8%. O Grupo SHV manteve a terceira posição com 21% de market share, perdendo assim quase um ponto percentual de participação em relação ao ano anterior. Completando o ranking, aparecem o Grupo Nacional, com fatia de 18,9%, e a Copagaz, com 7,7%.
Fiscalização
Responsável por quase 70% do mercado nacional de GLP, não é de estranhar que os vasilhames de 13 quilos lideraram as estatísticas de fiscalização em 2011. Das 48.723 unidades apreendidas no ano passado,quase 96% foram de P-13 (cheios ou vazios).
Para a revenda de GLP, as principais infrações constatadas pela fiscalização da ANP foram a falta de disposições acessórias de segurança (31,1%) e a ausência de autorização para o exercício da atividade, com 20,9%.
Na distribuição, as principais infrações registradas foram o não cumprimento de notificação, com 44,2%, e a falta de disposições acessórias de segurança, com 11,5%.
Nenhum comentário:
Postar um comentário