Custo de aquisição ainda é menor do que nos
financiamentos, mas distância vem diminuindo
RIO — Com
a redução dos juros da promovida pelo governo e o avanço de programas como o
Minha Casa Minha Vida, o setor de consórcios já admite desaceleração no
crescimento. De acordo com as instituições financeiras, o setor, que cresceu
cerca de 20% no ano passado, deve registrar alta de 13% em 2012. É uma queda de
35%.
— Essa
redução acontece por causa das ações do governo. Mas ainda sim é um crescimento
vigoroso. O Banco do Brasil vai crescer bem acima da média do mercado, pois
estamos ampliando a oferta de canais para vender o produto. O mercado está
pujante e mais competitivo — disse Alexandre Luís dos Santos, gerente-executivo
de Consórcios do Banco do Brasil.
Segundo
ele, após avanço de 60% na procura por consórcios em 2011, o produto deve
crescer 50% neste ano, uma redução de 16,6%.
Apesar da
queda da Selic, para 8,5% ao ano, os consórcios ainda seguem com opção financeira
para quem quer comprar um carro ou imóvel e não tem pressa para receber o bem.
Segundo cálculos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade (Anefac) e os bancos, o consórcio de um carro tem
custo médio de 0,7% ao mês. Enquanto isso, um CDC (Crédito Direto ao
consumidor) para automóveis tem juros médios de 1,9% ao mês. No caso dos
imóveis, também há diferenças. No consórcio, o custo oscila entre 1,3% e 1,5%
ao ano, e o financiamento tradicional oscila hoje entre 11% e 12% anuais.
Apesar de ainda significativas, as diferenças entre os custos do consórcio e do
financiamento vem diminuindo.
Já
diferença entre as duas modalidades de compra de bens continua a mesma. No
consórcio, o cliente paga sem ter o produto em mãos. Ele adere e começa a pagar
mensalmente. Todo mês há sorteios. Caso não seja sorteado, pode dar um lance,
que também é mensal. Por isso, dizem especialistas em finanças pessoais, o
consórcio só é indicado para quem não precisa do bem imediatamente, pois tem de
esperar até ser sorteado.
Além
disso, os especialistas lembram que os valores das prestações dos consórcios
também podem variar conforme a valorização do bem. Se o preço da moto, do carro
ou do imóvel subir, as parcelas mensais também sobem. O mesmo acontece em caso
de desvalorização do ativo.
Segundo
Mauricio Maciel, diretor-presidente da Caixa Consórcio, a modalidade é usada
ainda, em boa parte dos casos, por pessoas que não têm como aderir a um
financiamento tradicional, por não ter todas as garantias exigidas pelos
bancos:
— O
consórcio busca espaços complementares. Tem o público que pode trocar o
consórcio pelo financiamento tradicional, e há as pessoas que não têm pressa e,
por isso, ficam no consórcio — explicou Maciel, lembrando que a Caixa tem 150
mil clientes em consórcios. — Mas o custo de um consórcio é diferente de um
financiamento tradicional. Por exemplo, no caso do consórcio imobiliário, a
taxa de administração por todo o período é de 18%. Mas no primeiro ano, o
cliente paga 4%. Os 14% restantes são diluídos nos 138 meses restantes.
Miguel
José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac, diz que o consórcio é
melhor alternativa financeira, pois, apesar da queda da Selic, os juros
cobrados ao consumidor ainda estão muito altos:
— As linhas
tradicionais dos bancos só ficarão mais atrativas se o CDC de veículos tiver
juro menor de 0,7% ao mês, mas hoje está em 1,9%. O mesmo teria de acontecer
com o financiamento imobiliário. Mas o consórcio não serve para quem tem
urgência em ter o bem, pois é preciso esperar os sorteios — disse Oliveira.
Miguel
acredita que, com os juros caindo ainda mais, é possível esperar uma redução
dos custos do consórcio a médio e longo prazos. Gilberto Braga, professor de
Finanças do Ibmec-RJ, disse que o ideal é pesquisar as diferentes condições
oferecidas pelos bancos.
— O
consórcio é atrativo para quem consegue a carta de crédito no começo do
consórcio. Com isso, vai arcar com um custo menor em relação a um financiamento
tradicional. O valor da prestação do consórcio cai e sobe de acordo com a
valorização do bem. Mas o consórcio tem hoje um público específico, como
pessoas que trocam de carro periodicamente ou planejam uma casa nova para
alguns anos — afirmou Braga.
O
consórcio não tem juros. O custo da modalidade é composto por taxa de
administração, fundo de reserva e seguro (para caso de calote de participantes
dentro do grupo). Hoje, as taxas de administração variam entre os bancos. No
caso de automóveis, oscilam, em sua maioria, entre 12% e 15%; e em imóveis, entre
17% e 18%. Paulo Rossi, presidente da Associação Brasileira de Administradores
de Consórcios (Abac), diz que, com a economia crescendo e o desemprego em
baixa, as pessoas conseguem planejar a compra de bens.
— Com as
pessoas se sentindo seguras em seus empregos, o consumidor passa a planejar as
compras a médio e longo prazos. Entre abril deste ano e abril de 2011, houve
alta de 13% no número de participantes, chegando a 4,860 milhões. Nos quatro
primeiros meses deste ano, houve avanço de 4,6% no número de novos consumidores
— destacou Rossi.
Hoje, um
consórcio de carro tem prazo entre 50 meses e 60 meses; e no caso de imóveis,
pode chegar a 200 meses. Segundo a Abac, os veiculos respondem hoje por 85% do
setor. Rossi observa que a redução do IPI para automóveis vai refletir em queda
dos valores das prestações dos consórcios.
— O valor
é sempre reajustado, de acordo com a valorização do bem. Sempre quando um
cotista é sorteado, ele ganha uma carta de crédito. No caso dos carros, ele
pode comprar qualquer modelo. E com isso ganha poder de barganha. Se o valor do
automóvel for menor, ele consegue abater das prestações. Se for maior, paga a
diferença — afirmou Rossi.
Taxas de
administração dos bancos
O Itaú
Unibanco oferece uma taxa de administração de 17% para o consórcio de imóveis
com praxo máximo de 180 meses; e de 80 meses no caso de carros (com taxa de
administração de 13%). O Bradesco oferece taxa de administração de 18% para
imóveis e prazo de até 120 meses. No caso de automóveis leves, a taxa de administração
é de 12% e o prazo, de 44 meses. A Caixa tem taxa de administração de 18% para
imóveis e prazo de até 150 meses. O Banco do Brasil tem taxas de administração
entre 10% e 11% para produtos e serviços com prazos de até 75 meses. Para
imóveis, a taxa varia entre 14% e 17%, e prazo de 200 meses.
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