terça-feira, 12 de agosto de 2014

Petrobrás prevê produção recorde de petróleo e derivados


A Petrobrás informou nesta segunda-feira (11) que prevê uma extração recorde de 2,078 milhões de barris de petróleo/dia em 2014, crescimento de 7,5%. Quanto a produção de derivados, haverá aumento de 3,4%, para 2,19 milhões de barris/dia.

Caso essa projeção seja confirmada, a Petrobrás alcançará este ano uma produção superior a de 2011 (2,021 milhões de barris diários), até agora a maior de sua história. Além de cumprir sua meta, a empresa encerrará um período de dois anos consecutivos de quedas na produção.

A meta da empresa é elevar a produção de 2,078 milhões de barris diários este ano para 3,2 milhões de barris em 2018 e 4,2 milhões em 2020. O diretor de exploração da estatal, José Formigli, atribuiu esse crescimento ao início da operação de uma nova plataforma em águas profundas e à interligação de novos poços do pré-sal. “A tendência é que a produção continue aumentando. Após a interligação de 30 novos poços no primeiro semestre, interligaremos outros 33 no segundo semestre e vamos colocar em operação três novas plataformas marítimas", afirmou Formigli.

O executivo acrescentou que o aumento da produção e da produtividade, especialmente nos poços do pré-sal, estão ajudando a Petrobras a reduzir os custos de extração. Segundo a empresa, o custo de extração caiu de US$ 14,76 por barril em 2013 para US$ 14,57 no primeiro semestre de 2014. Além disso, esse valor deverá chegar a US$ 14,16 para o final do ano, de acordo com as projeções.

O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, disse que a maior produção permitiu que o lucro operacional crescesse 17% no segundo trimestre em relação ao primeiro, mas que os custos financeiros provocaram uma queda do lucro líquido da companhia. A empresa informou na última sexta-feira que seu lucro líquido no segundo trimestre foi de R$ 4,959 bilhões, uma queda de 20% em relação ao mesmo período de 2013 e de 8% em comparação com o primeiro trimestre deste ano.

O diretor financeiro também atribuiu a queda nos lucros à diminuição das exportações, às menores receitas com a venda de ativos e à defasagem entre os preços internos dos combustíveis e os cobrados no mercado internacional. "Com a previsão de crescimento da produção poderemos exportar mais petróleo e oferecer mais gás natural no mercado nacional e reduzir os custos com a importação de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), que é caro", afirmou Barbassa. A Petrobras pretende exportar cerca de 250 mil barris de petróleo por dia, no segundo semestre, 51% a mais que o exportado no primeiro semestre do ano.

Comparado com gasolina e diesel GLP dá pouco prejuízo

Ao contrário do que enfatiza o diretor financeiro da Petrobrás Almir Barbassa não é o GLP o vilão dos prejuízos da estatal. Em recente estudo, o Grupo de Economia da Energia (GEE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez levantamento de 2011 a 2013 e constatou que deixaram de entrar no caixa da Petrobrás R$ 104 bilhões no triênio, por conta do represamento dos preços dos combustíveis imposto pelo governo à estatal.

Segundo o professor Edmar de Almeida, coordenador do trabalho feito pela UFRJ, no período analisado (2011-2013), levando em conta um cenário no qual a estatal praticasse preços similares ao patamar internacional, a estatal teria receitas maiores em R$ 66,3 bilhões com o diesel, R$ 34,9 bilhões com a gasolina e R$ 3 bilhões com o GLP. Ou seja, a importação de gás de cozinha responde por apenas 2,9% do déficit total da paridade dos preços interno-externos.









domingo, 3 de agosto de 2014

Planejar é preciso

 Fonte: Planejar é preciso Revista ES Brasil 

Desde o século passado, a forma de conduzir organizações empresariais no mundo todo teve sua realidade transformada a partir de um novo conceito: planejamento estratégico. A cultura de planejar ações se estendeu para outros setores, e atingiu a administração pública, que de forma global começou a elaborar planos e metas, como forma de parametrizar o crescimento e o desenvolvimento de Estados e países.

No Espírito Santo não é diferente. As ações governamentais são focadas nas metas traçadas no Plano de Desenvolvimento do Estado, uma análise do cenário econômico feita em parceria entre governo do Estado, entidades representativas da sociedade civil organizada e instituições privadas, que permite avaliar o presente e propor ações futuras.

O estudo mais atualizado, publicado em dezembro de 2013, faz uma projeção das ações de desenvolvimento pelos próximos 16 anos. É o ES 2030, que aponta, como um dos pilares de desenvolvimento do Estado, o setor de energia. É aí que queremos chegar.

Em 2012, segundo dados da Agência de Serviços Públicos de Energia do Espírito Santo (Aspe), o consumo final de energia do estado ultrapassou os 7 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep). O consumo per capita ficou em 1,90 tep/hab (toneladas equivalentes de petróleo por habitante), acima da média nacional, de 1,27 tep/hab. Apesar de habitar menos de 2% da população brasileira, o Espírito Santo é, proporcionalmente, um dos maiores consumidores de energia do país, e este consumo vem crescendo em alguns setores, como é o caso dos consumidores residenciais.

O aumento do poder aquisitivo das famílias e a consequente melhoria da qualidade de vida é um fator de forte influência. Um exemplo é o consumo de eletrodomésticos. Dados da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) dão conta de que, só nos primeiros quatro meses de 2014, foram vendidos 5,7 milhões de televisores, 46% mais que o mesmo período do ano passado. A previsão do setor é fechar este ano com 16 milhões de televisores vendidos.

A questão é ter energia para atender a esta demanda. Tem que ter energia para suprir esta demanda. Imaginando que cada TV, gastando pouco, consuma 60 w, é só fazer as contas. Isso é apenas um exemplo, mas esta problemática ainda não está na cabeça das pessoas. É necessário pensar em planejamento energético para atender este crescimento. Não existe pensar em futuro sem pensar no suprimento de energia, afirmou o diretor geral da Aspe, Luiz Fernando Schettino.

Cenário atual

Atualmente, o Espírito Santo não dispõe de um planejamento próprio na área energética. O ES 2030 se aproxima deste propósito, ao sugerir ações de desenvolvimento do setor, como atrair e incentivar investimentos que aproveitem as oportunidades geradas na cadeia de energia, petróleo e gás e integrar esta cadeia ao sistema estadual de produção e difusão de ciência, tecnologia e inovação. Entretanto, esta integração requer um esforço amplo e contínuo de diversas frentes, uma vez que a cadeia energética, hoje, é administrada em âmbito federal.

O planejamento energético capixaba depende, atualmente, do trabalho realizado pela Empresa de Pesquisa Energética, ligada ao Ministério de Minas e Energia. Publicado em 2007, o Plano Nacional de Energia 2030, desenvolvido pelo órgão, é o instrumento utilizado para orientar os trabalhos de longo prazo, balizando as alternativas de suprimento da demanda de energia nas próximas décadas em todo o Brasil.

Porém, para o presidente do Conselho Temático de Energia (Conerg) da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Nélio Borges, o fato de esse plano ser realizado em âmbito federal o afasta da realidade do nosso Estado, e dificulta a articulação com o plano de desenvolvimento econômico Hoje, o plano de crescimento estadual se desenvolve sem dialogar com o planejamento de geração de energia, que é feito em nível nacional. Trabalhar dessa forma não é adequado, porque gera dificuldades. Não temos como acompanhar, por exemplo, a execução de obras e o cumprimento de prazos. Quando os dois planos caminham de forma independente, nós não temos como saber o que vai acontecer e isso aumenta nosso risco operacional, afirmou Borges.